Um estudo da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES/GO) analisou a situação do câncer no estado entre 1979 e 2023, revelando um cenário desafiador para o combate à doença. Segundo o levantamento, o câncer é a segunda maior causa de morte em Goiás, responsável por 15,3% dos óbitos em 2022, ficando atrás apenas das doenças cardiovasculares.
O aumento dos casos está relacionado à transição demográfica, envelhecimento da população e mudanças no estilo de vida, com o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projetando mais de 25 mil novos diagnósticos entre 2023 e 2025.
Tipos de câncer mais prevalentes
Entre mulheres, os tipos mais comuns são mama, pele não melanoma, cólon e reto, e colo do útero, enquanto nos homens predominam próstata, pele não melanoma e cólon e reto. Em 2023, foram registrados 9.277 novos casos em mulheres e 6.922 em homens, evidenciando a necessidade de estratégias de prevenção e tratamento direcionadas por sexo e tipo de neoplasia.
Um dos desafios identificados pelo estudo é a detecção tardia: apenas 28,28% dos homens e 26,05% das mulheres iniciaram o tratamento no período recomendado. A situação é mais crítica em regiões afastadas, que enfrentam barreiras estruturais e acesso limitado a serviços especializados.
Fatores de risco
O levantamento da SES/GO também destacou fatores de risco preocupantes na população goiana:
- Tabagismo: 13,1% dos adultos
- Sedentarismo, alimentação inadequada e consumo abusivo de álcool: altos índices
- Excesso de peso e obesidade: 57,3% e 22,8% dos adultos, respectivamente
Apesar de boa adesão a exames preventivos, como mamografia e Papanicolau, a regularidade dos exames ainda é um desafio, principalmente entre mulheres mais velhas e com menor escolaridade.
No caso das neoplasias infantojuvenis, destacam-se leucemias, tumores do sistema nervoso central e linfomas, com dificuldade de diagnóstico precoce e descentralização do atendimento oncológico pediátrico.
Avanços na rede de atendimento
Apesar dos desafios, Goiás ampliou significativamente a rede de atendimento oncológico nos últimos anos. Entre 2018 e 2024, foram realizadas mais de 31 mil cirurgias oncológicas e 1,2 milhão de consultas, exames e tratamentos.
O Programa Goiás Todo Rosa, em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), oferece rastreamento genético para mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou ovário, sendo pioneiro no país. Recentemente, o governo firmou cooperação com o Instituto Natura para ampliar o diagnóstico precoce e reduzir a mortalidade.
O Centro de Oncologia do Hospital Estadual do Centro-Norte Goiano (HCN), em Uruaçu, completou três anos em julho, realizando mais de 58 mil atendimentos oncológicos. É o primeiro da rede estadual habilitado como Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon), oferecendo atendimento integral e humanizado.
Além do HCN, o estado ampliou o atendimento a pacientes em Itumbiara, com 20 leitos de internação e 15 poltronas de quimioterapia, e mantém contratos com Hospitais em Jataí, Rio Verde e Goiânia.
Em junho de 2025, o Complexo Oncológico de Referência do Estado (Cora) começou a atender pacientes pediátricos. A unidade, a primeira pública destinada exclusivamente ao tratamento do câncer em Goiás, já diagnosticou 191 pacientes e conta com 60 leitos, incluindo UTI, setor de transplante de medula óssea, centro cirúrgico, robôs de reabilitação e sistema avançado de filtragem de ar. A inauguração oficial ocorrerá em 25 de setembro.
Perspectivas
Os investimentos da SES/GO refletem o compromisso do governo estadual em regionalizar o atendimento oncológico, reduzir desigualdades no acesso aos serviços e garantir que os pacientes recebam tratamento de qualidade e humanizado sem precisar se deslocar para a capital.
Segundo a secretaria, os próximos passos incluem fortalecimento da prevenção, ampliação de programas genéticos e modernização tecnológica, consolidando Goiás como referência nacional no combate ao câncer.



