Declaração da presidente do Palmeiras reacende debate sobre organização do futebol nacional e distribuição de receitas.
A presidente do Palmeiras, Leila Pereira, voltou a criticar a postura do Flamengo nas negociações da Libra (Liga do Futebol Brasileiro) e sugeriu, em entrevista ao Esporte Record nesta terça-feira (30), a criação de uma nova liga de clubes sem a participação do Rubro-Negro. A fala foi uma reação direta à disputa judicial envolvendo o pagamento de R$ 77 milhões referentes a parcelas do contrato de pay-per-view do Brasileirão.
“Minha sugestão seria criarmos outra liga e excluir o Flamengo. Acho que o Flamengo tem que jogar sozinho. Nenhum clube é maior que o futebol brasileiro. O Palmeiras não joga sozinho, o Flamengo não joga sozinho”, afirmou a dirigente.
O embate com o Flamengo
A crise começou quando o Flamengo acionou a Justiça alegando prejuízos nas regras de distribuição do contrato de TV fechado em 2024, válido até 2029. O clube carioca pediu o bloqueio de R$ 77 milhões em valores previstos para repasse.
Embora a liminar tenha sido negada em primeira instância, uma decisão favorável em segunda instância determinou o bloqueio temporário. O processo tramita em segredo de Justiça, mas já provoca tensões nos bastidores do futebol brasileiro.
Leila não poupou críticas à postura da diretoria rubro-negra:
“Só se ele quiser jogar contra o Sub-20. Acho que seria bonito formarmos uma nova liga, excluindo o Flamengo, e o Flamengo joga com ele mesmo. Quero ver a audiência que vai ter.”
O que é a Libra?
A Libra foi criada em 2022 com o objetivo de organizar a venda coletiva dos direitos de transmissão do Brasileirão e fortalecer o calendário do futebol nacional, seguindo o modelo de ligas internacionais como a Premier League (Inglaterra) e LaLiga (Espanha).
Desde o início, porém, divergências sobre critérios de divisão de receitas geraram atritos. Enquanto alguns clubes defendem uma distribuição mais equilibrada, outros – como Flamengo e Corinthians – pleiteiam cotas maiores, argumentando que sua força de mercado e audiência são superiores.
Hoje, a Libra reúne parte dos clubes da Série A, mas enfrenta resistência de outros grupos, como a Liga Forte União (LFU), que também busca organizar uma liga independente.
Repercussões no cenário esportivo
A fala de Leila Pereira repercutiu fortemente entre dirigentes e torcedores. De um lado, a dirigente é vista como porta-voz de clubes que pedem mais unidade e respeito aos contratos assinados. De outro, a declaração escancara a dificuldade de se construir consenso em torno de uma liga nacional.
Especialistas apontam que, enquanto não houver acordo, o futebol brasileiro continuará perdendo espaço em negociações internacionais. Segundo estudo da Sports Value, a Premier League fatura mais de R$ 20 bilhões anuais com direitos de TV, enquanto o Brasileirão arrecada cerca de R$ 3 bilhões, número considerado baixo para o tamanho do mercado.
Próximos passos
O caso do bloqueio de valores ainda será analisado pela Justiça, e dirigentes da Libra buscam uma solução negociada para evitar rupturas mais profundas.
Enquanto isso, a proposta de Leila expõe um dilema central: unidade ou fragmentação. Uma nova liga sem o Flamengo poderia ganhar força entre clubes insatisfeitos, mas também ampliaria a divisão que já marca o futebol brasileiro nos últimos anos.
📌 Resumo do impasse
- Flamengo acionou a Justiça para bloquear R$ 77 milhões de contrato de TV.
- Leila Pereira sugere nova liga sem o clube carioca.
- Libra enfrenta divergências sobre a divisão de receitas.
- Especialistas alertam que falta de consenso atrasa modernização do futebol brasileiro.



