Mercado espera retomada dos cortes de juros, após alta de 32% no S&P 500 desde abril
Um rali histórico de US$ 14 trilhões que impulsionou os mercados acionários a níveis recordes pode estar prestes a enfrentar seu maior teste. Investidores aguardam com expectativa a reunião do Federal Reserve (Fed) na próxima quarta-feira (17), com fortes apostas em um corte de 25 pontos-base nos juros, o primeiro desde a pausa iniciada em dezembro.
Desde as mínimas de abril, o S&P 500 acumula alta de 32%, impulsionado por expectativas de flexibilização monetária ao longo do ano. Dados históricos da Ned Davis Research mostram que, após a retomada dos cortes, o índice sobe em média 15% no ano seguinte — mais do que os 12% observados após o início de ciclos típicos de corte.
No entanto, o otimismo convive com sinais mistos da economia. Apesar de crescimento ainda robusto e lucros corporativos saudáveis, o desemprego atingiu seu nível mais alto desde 2021, alimentando temores de um possível “pouso forçado”.
Estratégias divergentes
Investidores têm adotado diferentes abordagens para navegar esse cenário. Enquanto alguns mantêm apostas em gigantes da tecnologia como Nvidia, Amazon e Alphabet, outros veem oportunidades em small caps e ações de média capitalização, que historicamente se beneficiam mais de cortes de juros.
Setores cíclicos — como o financeiro e o industrial — tendem a liderar os ganhos quando os cortes são limitados e a economia permanece firme. Já em ciclos de corte mais agressivos, setores defensivos como saúde e bens de consumo essenciais tendem a se destacar.
Expectativas para o comunicado do Fed
O mercado já precificou integralmente uma redução de 0,25 ponto percentual, e espera cerca de 150 pontos-base em cortes ao longo de 2026. O foco, no entanto, estará no gráfico de pontos (dot plot) e nos comentários do presidente do Fed, Jerome Powell, que podem indicar o ritmo e a profundidade do ciclo de afrouxamento.
“Estamos em um momento único”, afirma Sevasti Balafas, CEO da GoalVest Advisory. “A incógnita é o quanto a economia já desacelerou e o quanto o Fed precisará agir para evitar uma recessão.”
Próximos passos
A trajetória da inflação e do crescimento econômico será crucial para os rumos do mercado. Como resume Stuart Katz, da Robertson Stephens: “Se o crescimento desacelerar demais, o Fed cortará os juros — mas o risco de recessão aumentará. Resta saber o quão confortável o mercado está com essa desaceleração.”



